segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Escritas


SORRISO AMARELO

Uma luminosidade suave em tons de azul domina o ambiente do quarto pouco iluminado, apenas uma janela de frente a um paredão a poucos metros de distância permite a entrada de luz natural no espaço.
Uma mesa típica de ourives disposta com os instrumentos do ofício, alguns anéis dourados em pratinhos de metal e pequenas esculturas em ouro e prata, compõem o ambiente de trabalho diante da janela do quarto. O tic tac de um relógio é o único som que se ouve.
Nas paredes, fotografias amareladas pelo tempo, tão velhas que pareciam irreais aquelas gargalhadas tão jovens ali retratadas. Os chinelos no chão, o pinico debaixo da cama, são pequenos detalhes que traçam o perfil da pessoa que habita o lugar.
Na mesinha de cabeçeira, o relógio e uma dentadura dourada dentro de um copo com água...Triiiiimmmm, o despertador toca desesperado, uma mão surge e com um golpe certeiro o neutraliza. Silêncio. Um homem de uns 65 anos senta-se na cama, hesita, respira fundo, de olhos fechados passa as mãos pelos cabelos brancos, move o pescoço para desenferrujar os ossos, apanha o copo com a dentadura, levanta-se e sai em direção ao banheiro.
Com a dentadura na mão, escova-a com todo o cuidado, passa-a por água e mete-a na boca diante do espelho. Sorri satisfeito prá si mesmo, um sorriso amarelo e iluminado do começo ao fim, de cima a baixo.
Dirige-se a cozinha para preparar o café da manhã e liga o rádio já sintonizado em sua estação preferida.
Frita um ovo, corta o pão e passa a manteiga, enche a caneca com um café fumegante e senta-se a mesa para saboreá-los num ritual solitário de todos os dias. Uma música clássica ressoa no ar, chícara na mão e o olhar no vazio, assim permanece, quase imóvel, deixando-se conduzir pelas cadência das notas e recordações de outros tempos já tão distantes.
Após a ligeira refeição entretem-se em pequenos afazeres domésticos que lhe ocupam a manhã inteira.
No quarto veste-se com esmero, de terno e lenço no pescoço e um chapéu Panamá, sapatos em couro preto e branco muito bem engraxadinhos e um sorriso orgulhoso na cara.
Desce as escadas escuras, iluminadas apenas pela clarabóia superior do edificio antigo de quatro andares onde vive no centro da cidade.
Entra em um restaurante de Feira, destas feiras com carrinhos de choques e roda gigante, pede um belo peixe e um bom vinho que degusta com visivel prazer.
Sem se aperceber, ou talvez sem dar importância ao facto, era ele na verdade o centro dos comentários e olhares furtivos das mesas vizinhas, alguns divertidos e outros até assombrados diante da revelação. Afinal, era ele uma grande "figura" sem dúvida alguma.
Deixa o restaurante após o almoço, caminha sem pressa apreciando o movimento da feira entre brinquedos, algodões doces, gritos de crianças e aparatos sonoros.
Pára diante do carrossel em movimento, e é quando a vê, montada em seu majestoso cavalo branco, sorria e girava em seu vestido de fólios esvoaçantes e véus cor de rosa. Uma verdadeira "princesa" com a pele marcada pelo passar dos anos, lábios exageradamente vermelhos e com pouca noção do ridículo.
Os corcéis passam garbosos e inalterados conduzindo suas montarias. Ela também o vê, olhos nos olhos, atração, curiosidade, interesse mútuo.
O brinquedo pára juntamente com a música. Ela desce meio tímida, até um pouco ruborizada como se fosse uma paixão adolescente e dirige-se à saída do outro lado, sempre a espiar de relance a espera de um gesto, um convite, um sorriso.
Ele a observa e compreende sua timidez, dá-lhe o seu melhor sorriso para encorajá-la.
Ela porém, não consegue disfarçar o susto e a surpresa por aquele sorriso tão amarelo, não tava nada a espera de ver algo assim, ao mesmo tempo tenta conter e esconder de alguma forma este sentimento que lhe subiu as faces, afinal é uma mulher vivida e de alguma forma consciente de suas próprias esquesitices. Em retribuição esboça um sorriso nervoso e complacente enquanto se afasta em passos cambaleantes e rápidos.
O sorriso dele fecha-se aos poucos formando como que uma cicatriz na cara, e vai dando lugar a um olhar triste que a acompanha e a vê desaparecer engolida pela multidão.
Retoma o caminho de casa lentamente, desiludido.
Em frente ao prédio onde mora, encontram-se dois rapazes encostados à parede, aparentam ter 17 ou 18 anos, um branco e um negro. O branco gesticulando muito parece estar contando alguma façanha pujilística. Param para ver o homem que se aproxima.
-Diz aí véio, pergunta o branco: Esta tua dentadura é de ouro mesmo? Deixa eu cá ver isto !? Dá aí um sorriso prá gente...Vá lá...sômo gente boa !!!
O homem indignado com tanta falta de tudo, olha-os no fundo dos olhos demonstrando seu desprezo diante de tamanha insensibilidade e grosseria. O branco parece meio drogado e estúpido, enquanto que o negro exibe um grande sorriso branco e saudável, quase um amigo se não fosse cínico.
O homem afasta-se e sobe as escadas com os passos seguros de quem faz isto sempre.
Novamente em casa, fecha-se em seu quarto. Ofegante encosta-se a porta, vagueia o olhar sobre o aposento empoeirado e fixa-o sobre a mesinha de trabalho, em suas esculturas de ouro e prata e isto aos poucos lhe faz retornar a calma e a serenidade que costuma reinar em seu pequeno mundo particular.
De uma velha vitrola em discos de vinil, ouve-se o som de uma obra clássica.
Sentado em sua cadeira favorita em trajes de trabalho, o artista admira suas obras entre os dedos envoltos pela luz do candeeiro. Diante de si aquela janela com pouca luz, mas o suficiente para não o isolar por completo do exterior.
Um pombo resolve pousar neste momento no patamar da janela a pouco mais de um metro de distância, um lugar pouco comum aos pombos.
O homem fica a admira-lo sem mover um dedo sequer para não assustar a visita inesperada, todavia bem vinda.
Um som suave de flauta vai aumentando gradativamente como é próprio destas obras clássicas.
O pombo torna-se inquieto, mexe a cabeça de lado a lado, como se presentisse que algo estava para acontecer. A música aumenta de intensidade, juntam-se outros instrumentos que preenchem o espaço e explodem em notas gritantes ao mesmo tempo que se dá o estrondo de uma porta que é arrombada aos pontapés.
Entram os dois jovens, alucinados, possuídos pela selvageria urbana e pela adrenalina no sangue, o branco de arma em punho surprende o homem que não tem tempo de esboçar reação e já lá tombava com um balaço no peito.
A pomba levanta vôo batendo desesperadamente as asas enquanto que o homem jaz estendido no chão, olhos e boca arregalados pelo choque do inesperado.
-O negro pro branco, em desespero: Eh, meu...que é isto ?
-Tinha de ser... êle nos conhece !!! Nos metia dentro!!! Diz o branco. Agora vamô lá, apanha este ouro di uma veis caralho.
O negro recolhe o que pode e enfia nos bolsos em gestos rápidos, dirige-se ao branco: Vamos nos pirar daqui que alguém pode ter ouvido o tiro.
-Aqui só moram velhos, responde o branco, com certeza estão dormindo ou grudados na televisão, e este som marado disfarça tudo - referindo-se à música ambiente agora mais suave.
-Vamô sair daqui...rápido...grita o negro, olhando apavorado para o homem caído no chão que o olha também com o olhar fixo e a boca aberta.
-Então meu? Retruca o branco. Pega lá a dentadura ! Porra meu...Vale uma fortuna caralho...É de ouro maciço.
O negro olha novamente para aquele rosto que o fita intensamente.
-Ah! Eu não pego...nem a pau ! O velho parece que tá vivo...tá me olhando !
-Tá morto meu ! Só não fechô os olhos...isto acontece !
-E a boca...porque não fechou a boca ?? Aqueles dentes...eu não tenho coragem...o cara é capaz de me morder, meu!!
O rosto pálido e inerte do homem lembra uma máscara chinesa ou algo semelhante, realmente nada inspiradora para se meter a mão, mas, para quem matar é tarefa fácil, o que pode afetar uma dentadura, principalmente se for de ouro, é só lucro !!!
-Segura aqui minha arma que eu tiro este tesoro nojento, ordena o branco
-Vê lá meu !..Eu não tenho coragem.
O branco olha para a cara do homem que permanece estática, inigmática, arregalada.
Hesita por um momento, cria-se um suspense. Entretanto, o rapaz mete a mão na boca do homem...olhos nos olhos, então, o homem fecha repentinamente a boca com uma raiva de animal ferido de morte.
O rapaz surprendido, desesperado e enlouquecido pela dor, tenta safar-se.
-Aiiiiiiiiiii !!! Tá me mordendo...Este véio vai me arrancá os dedo...
O negro com a arma na mão, aponta para a cabeça do homem e dispara.
A visão do homem clareia repentinamente, dá umas piscadas e escurece totalmente.
Só se houve o rapaz a gritar:
-Ajuda aqui que ele não qué largá...
-Ah ! não meu... eu aí não meto a mão…

MINHA BONECA PARTIU-SE

A voz autoritária da mãe ressoa pela casa - Filha vê se larga um pouco o computador, já faz mais de duas horas que voce está colada a esta cadeira.
-Já vai mãe, estou quase terminando, responde a filha pré adolescente com os olhos fixos no computador a trocar mensagens com uma amiga no Facebook.
No monitor aparece - Acho que a festa vai ser muito gira.
A mãe surge à porta, olha, mentaliza e fala em um tom mais controlado e carinhoso.
-Filha tá sempre ligada neste Facebook, parece que não tem mais nada prá fazer. Podias muito bem ler um livro prá variar.
A menina vira os olhos aborrecida sem contudo desviá-los do monitor, faz cara de quem já conhece o sermão.
A mãe continua, agora mais incisiva. -Eu não gosto destes programas, são um perigo, as pessoas expõem-se demais, são fotografias, gostos pessoais, mostra a casa onde se vive, onde vai aos fins de semana…Podes ao menos dar-me um pouco de atenção?
A menina ainda atenta às mensagens, dá um ponto final, tira as mãos do teclado, ajeita-se na cadeira e vira-se para a mãe disposta a ouvi-la.
A mãe continua a dissertação. Isto é um prato cheio para sequestradores e pedófilos, afirma a mãe com conhecimento de causa. Eu vi isto em uma reportagem, tem muitos pais que já estão proibindo os filhos de utilizar estes programas.
Oh! Mãe, isto acontece no Brasil, nós estamos em Portugal, aqui a realidade é outra, além de que, vão me sequestrar por quê? Nem ricos somos?
-Minha filha o mundo está cheio de loucos em toda a parte, o melhor é não se expôr assim, depois, há outras coisas mais interessantes para se fazer em um computador, como os seus deveres escolares que ficam sempre prá segundo plano. Fala com um certo tom de crítica.
Agora decidida - Vê se larga isto agora! e sugere - Vai pular corda lá embaixo no quintal, que um pouco de exercício só lhe faz bem.
A menina sai do computador com uma cara aborrecida e senta-se na cama.
-Pular corda…Sozinha mãe? Se ao menos eu tivesse uma irmã com quem brincar…
-Então aproveite este tempo para arrumar seu quarto filha, tá tudo espalhado. Aconselha.
Posters de artistas do MTV, algumas roupas jogadas ao acaso, uma mesinha com pinturas, pincéis e tintas por guardar, algumas bonecas em um cesto ilustram o que diz a mãe.
As tuas bonecas, já que não brincas mais com elas podem ir para uma prateleira no armário.
A mãe senta-se na cama junto da filha, tem nas mãos a boneca que era a sua preferida.
-Gostava tanto quando você ficava a brincar com elas, você parecia tão feliz.
-Eu sou feliz mãe, mas os meu interesses agora são outros, já vou fazer 13 anos e não tenho mais paciência para bonecas.
Eu sei filha, é que voce cresceu tão depressa que eu ainda não me acostumei com a idéia, voce já está quase do meu tamanho e eu sinto falta do meu bebe. A filha dá um leve sorriso. A mãe continua. - tenho saudades daquelas tardes que faziamos as roupinhas das bonecas e as vestíamos para as festas e passeios. Sorri com cumplicidade.
A mãe fica a arrumar o cabelo da boneca com um ar sonhador - Você sempre gostou tanto desta boneca e dormia abraçada a ela. Agora está aqui jogada à um canto, quebrada e maltratada, ela nunca mais foi a mesma desde que o gato a descobriu.
A mãe acorda do transe e pergunta. Será que existe um lugar onde possamos consertá-la e devolver sua dignidade? Depois poderíamos guardá-la, seria uma ótima recordação de sua infância.
O telefone ressoa ao longe e a mãe sai do quarto.
A menina coloca os fones no ouvido liga o I Pod e fica a ouvir música recostada na cabeceira da cama. O olhar vagueia pelo quarto, até parar na boneca. Apanha-a e tenta unir o braço que se soltou. De repente larga-a, tira os fones e dirige-se ao computador.
A mãe aparece repentinamente e depara-se com a filha novamente diante do computador. Encosta-se à soleira da porta.
-Mas não tem jeito mesmo né filha, é só eu virar as costas…
-Oh mãe, eu só estou procurando um hospital de bonecas na net
-Hospital de bonecas filha, isto não existe cá em Portugal.
-Existe,existe, uma colega disse-me. Acho que é ali no centro, eles consertam qualquer tipo de bonecas. Afinal eu gostava mesmo de guardá-la. Até que ela é gira.
No dia seguinte dirigem-se ao Hospital das Bonecas e são atendidas ao balcão. A boneca é colocada em um cesto forrado de branco com uma cruz vermelha e içada por entre os vãos da escada até o andar superior, onde se encontra o hospital propriamente dito.
Curiosa, a menina pede para conhecer o local. Espanta-se com as inúmeras cabeças enfileiradas em prateleiras com as mais variadas fisionomias, bonecas deitadas umas em cima das outras com os pés voltados para fora e enumerados para não se misturarem. Sente uma mescla de fascínio e terror, talvez motivados pelos filmes nem sempre favoráveis à imagem destas personagens tão inocentes do imaginário infantil.
Na manhã seguinte a mãe logo cedo abre a porta de seu quarto e a desperta.
Filha, já está na hora meu amor.
A menina sem esboçar reações murmura por mais 5 minutos
Está bem, mas só mais 5 minutos.
Depois, no banheiro, ainda sonolenta, a menina escova os dentes diante do espelho embaçado.
Olha-se demoradamente, passa a mão no rosto a procura das borbulhas mais infectadas e vai apertá-las.
-Filha não aperte suas borbulhas que infeccionam, avisa a mãe adivinhando o gesto no silêncio da filha.
A menina faz aquela cara enjoada, típica da idade e tira a mão do rosto
-E passe um creme no rosto. Completa a mãe.
-Está bem mãe vou passar. Responde resignada.
No final de semana é chegado o dia da grande festa de Halloween
A mãe no computador a trabalhar entre papéis e revistas.
-Já está pronta? Pergunta.
A menina aparece vestida de bruxa. A mãe vira-se e sorri. - Tá gira filha. Nós já vamos, estou quase a terminar.
-Oh! mãe, acho esta fantasia um bocado estúpida, sem criatividade né, já a usei no ano passado, além de que já está pequena demais prá mim.
-Tá ótima filha. Festa das bruxas se faz com bruxas.
- É mas pode ser uma bruxinha mais moderna. Pera aí que eu vou dar uma volta a isto.
No quarto diante do espelho veste uma colant cor de rosa, uma mini saia verde limão, um corpete preto e uma peruca vermelha. Como toque final, uma dentadura postiça que transforma o anjo colorido em uma vampirinha engraçada. O resultado é original.
A mãe, orientada pela filha, completa a maquiagem pintando de negro em torno dos olhos, quase como uma máscara.
-Filha espera aí que vou buscar minha camera. Vamos fazer umas fotos para mostrar ao pai quando ele chegar de viagem
A filha não perde a oportunidade
-Capricha mãe que eu quero ter boas fotos para colocar no meu Facebook.
Na festa a predominância é das bruxas entre as meninas e de vampiros entre os meninos, mas há também duendes, corcundas e toda uma fauna mágica. A festa está animada
As meninas fazem comentários sobre os meninos e riem cobrindo os rostos entre olhares furtivos e divertidos, enquanto que os meninos em suas proezas exibicionistas, agarram-se medindo forças e a fingir que não as ligam.
Um vampiro aparece derrepente diante delas com os dentes ameaçadores e elas saem de cena um pouco assustadas e confusas, apenas a nossa personagem permanece parada a olhá-lo.
O vampiro olha também para ela entre incrédulo e admirado, ela da mesma maneira o encara. Ele mostra-lhe seus dentes pontiagudos e ameaçadores, mas ela não se altera, e lentamente abre a boca e revela-se também uma vampira, o menino fecha a boca surpreso.
A festa continua, brincadeiras ao som de uma música mais para o gótico.
Dois meninos observam a menina a conversar com as amigas.
Um deles comenta.
-Aquela menina é bastante interessante, eu tenho reparado nela na escola. Não me parece nada parvinha.
-Então vai conversar com ela. Se bem que acho que há outras mais engraçadas.
A menina está a volta da mesa a beliscar um folhado de salsicha.
Menino chega. Está vestido todo de negro, de cartola e bengala, mais parecendo um Conde.
-Olá.
A menina vira-se
-Olá. Responde, enquanto dá uma dentada no folhado
-Voce é a Miranda não é ? Somos da mesma escola.
-Eu sei, já o vi por lá.
-Voce tá mascarada de que ? Pergunta ele.
-Vampira Pop.
-Não parece vampira.
-É que tirei a dentadura para comer.
-E esta pintura nos olhos ?
-Ah! Isto eu copiei de um filme que eu vi com o meu pai em DVD. Uma ficção antiga mas muito fixe. O Blade Runner, já ouviu falar?
-Não.
-Voce também não parece nada assustador. Quem és? Pergunta ela.
-Sou o conde Drácula, diz o menino fazendo uma vênia com a capa, antes da transformação,
Ela sorri e se afasta lentamente, vira-se para olhá-lo novamente, sempre a sorrir.
A festa continua.
Uma amiga vem lhe avisar de que sua mãe a espera no carro.
Ela despede-se e sai apressada. É noite!
Ouve o menino a chamá-la.
Ela vira-se
-Olha voce tem Facebook? Pergunta ele
-Tenho
-Podes me adicionar como amigo?
Ela sorri e tira de sua pequena bolsa um cartão que ela mesma fez e lhe entrega.
Ele pega o cartão , guarda-o no bolso e depois a olha.
Ela parece iluminada por um luz mágica, que surge não se sabe de onde. Na verdade são os faróis do carro da mãe dela que se acendem
Ele a olha admirado e diz
-Nossa, voce parece uma princesa, um anjo.
Ela o vê envolto na mesma luz, que agora pisca a chamá-la.
A menina afasta-se e entra no carro.
Senta-se no banco de trás.
A mãe começa o interrogatório
-Então filha estava divertido?
-Sim
-Estavam todas as suas amigas.
-Quase todas.
-Olha filha, aproveitei para passar no hospital e peguei a sua boneca
A menina pega a boneca e a olha com algum interesse.
-Ah! tá gira mãe, ficou ótima!
Coloca-a no banco ao seu lado, já sem interesse.
A mãe pergunta Mas conta lá, quem é que estava na festa afinal ?
A filha enquanto pôe o fone do I Pod no ouvido vai enumerando as amigas
-Tava a Joana, a Naná, a Filipa…
A menina encosta-se à janela do carro já absorta em seus pensamentos, e o seu rosto parece sorrir um sorriso diferente.